A Casa de Câmara e Cadeia – edifício que reunia a aplicação das leis e a administração pública- é monumento paradigmático. Soma-se à igreja matriz como o mais representativo na composição da cidade brasileira colonial, locado na praça mais importante da vila, fronteira ao mar.
A pedra fundamental foi lançada e benta no dia 7 de setembro de 1854, na presença do Presidente da Província João José Coutinho, de vereadores, juiz de direito, delegado de polícia, do pároco de São José, da Guarda Nacional em grande parada e de muitos populares. Em 1857, a casa estava coberta, com o assoalho quase pronto, tendo sido gastos cerca de cinco contos de réis, valor levantado pela comunidade e pelos cofres provinciais.
O sobrado, finalizado em 1859, foi construído em alvenaria de pedra e cal; tinha no seu pavimento térreo a cadeia, com os presos separados por sexo e por cor, no piso superior, a Câmar de Vereadores, sediando gabinete do juiz de direito, Tribunal do Júri e demais autoridades. Com o passar dos anos, sofreu intervenções, como a construção de escada lateral e a instalação de água encanada. Em 1949, a cadeia que ocupou o andar térreo por quase um século foi desativada, sendo as salas adaptadas para uso de cartórios. Em 1972, construiu-se outro prédio para a Câmara de Vereadores, prefeitura e fórum. Atualmente, a fundação de cultura do município ocupa o local.
Em quase 150 anos, ele preserva as linhas arquitetônicas originais, sóbrias e simétricas. Destacam-se no segundo piso as quatro portas, com sacadas do púlpito, guarnecidas por gradis decorados. No pavimento térreo, janelas de guilhotina, com caixilhos típicos. Numa delas, na lateral do sobrado, ainda é visível o enquadramento original em cantaria. As pilastras salientes, com socos robustos nas esquinas, os degraus de convite, à frente da porta central, e a grossa cimalha, em toda a volta do edifício, são características expressivas da arquitetura luso-brasileira.
Texto de Osni Machado e Eliane Veiga extraído do livro ‘São José – uma Cidade Imperial’, de José Cipriano da Silva (Florianópolis, 2013).