Importante igreja do litoral catarinense, a Matriz de São José é monumento tombado pelo estado de Santa Catarina, simbolizando, na Praça Hercílio Luz, junto com a antiga Casa de Câmara e Cadeia, o espaço típico da colonização portuguesa. A fachada principal traz imponente portada, de ombreiras salientes e sobreverga triangular, complementada por janela circular do óculo e o frontão arrematado por ornamentos sinuosos. Na torre única, quadrangular, elevada em três lances, coroada por cúpula, assenta, sobre um globo, a grimpa, em forma de galo. Além dos volumes das capelas laterais e a sacristia, o jogo de telhados indica a nave e a capela-mor.
Assentada num adro pavimentado em tijolos, cercado por guarda-corpo balaustrado e conversadeiras nos muros, a igreja é a terceira no local. Houve uma capelinha de pau-a-pique, no início da povoação de São José da Terra Firme, com paróquia instalada em 26 de outubro de 1750. Demolida, após 1765, deu lugar à segunda igreja, que recebeu três contos de réis do imperador D. Pedro II quando, em 1845, ele visitou São José. No ano seguinte, parte da igreja desabou. Na construção da atual, a partir de 1848, foi preservado o prebistério e a dimensão do corpo principal da antiga igreja. Em 1853, ela já estava coberta por telhas coloniais e o seu teto, forrado. Com doações em dinheiro, serviços e materiais, fez-se a capela de Nossa Senhora das Dores. Em 1855, a sacristia, e até 1870 a capela do Santíssimo e os altares, executados pelo josefense Luís Henriques dos Santos Souza.
A matriz conserva os sólidos alicerces, paredes em pedra e cal, com até 1,45 metro de espessura. Em 1908, reformou-se a torre e, entre 1968 e 1969, numa obra maior, foram encobertas as pinturas internas por tintas de cores claras, evocando o estilo inicial da igreja. Em 1936, efetuou-se a troca da telha capa e canal por telha francesa e, em 1988, a igreja passou por mais obras. Agora, em 2013*, a sua restauração está em curso.
A pintura de Cipriano exibe uma visão plena, sem a obstrução das árvores, baseada em foto antiga, presente no livro de Gerlach e Machado (2007).
Texto de Osni Machado e Eliane Veiga extraído do livro ‘São José – uma Cidade Imperial’, de José Cipriano da Silva (Florianópolis, 2013).
* Atualização – Após cinco anos de um minucioso trabalho de restauração, a Igreja Matriz de São José foi reinaugurada no dia 30 de maio de 2014.